todo mundo dói
e dói os pulsos
os dedos
as línguas
todo mundo se
esparrama
se deixa
se deleita
e eu não
todo mundo se afoga
se agarra
se enamora
e eu não
todo mundo é distante
é suspiro
é bebida
é cortante
todo mundo fere
sangra
acaricia
e eu não
Blog dedicado a divulgar os textos literários do poeta paraibano Izaías Serafim Neto, da cidade de Catolé do Rocha/PB.
todo mundo dói
e dói os pulsos
os dedos
as línguas
todo mundo se
esparrama
se deixa
se deleita
e eu não
todo mundo se afoga
se agarra
se enamora
e eu não
todo mundo é distante
é suspiro
é bebida
é cortante
todo mundo fere
sangra
acaricia
e eu não
quando eu me tornar pó
de estrela, ou cheiro de
gasolina, e meu nome
for uma memória, uma
dessas relíquias, sei que
pendurarão minha
presença perto de todas
as demais amarguras.
e olharão meu defeito
minha voz e sua
aspereza de longe,
enfeitando até a frieza
com qualquer cor menos
opaca.
e sinto que
permanecerei olhando
apático o que não me fez
nem faz: sequer
abraçarei minha alma
contudo que ainda
sendo ele se meus
dedos tiverem tato, darei
carinho perpétuo porque
não me pude fazer isso
por aqui. e me darei
colo, cantarei qualquer
melodia de sono.
não perguntarei, nada é
resposta. quando voltar
às raízes, tomarei meu
tempo e sendo só meu
não terei medo de me
olhar porque só me
caberá a mim possuir
minha infinitude.
estar ainda é um mérito.
meu olho está viciado
em olhar só para fora
só ver carne só ver pólvora
tudo turvo e enviesado
eu que me olho com repulsa
aparando o quanto dá de minh’alma
vestindo menos roupa e mais trauma
meu olhar quando abre pulsa
curvado para baixo e adoentado
só preserva luz se for de fósforo
o clarão no escuro nunca é próspero
porque até a faísca tem som abafado
eu inteiro todo rabiscado
desejo que morra até olhar para dentro
eu vivendo pelo meu próprio centro
laudo: esperando
e esperando parece
água morna
uma certa fresta da
porta
pela qual se vê a
rua. esperando
cozido como se
cozem ovos
brandos; os bancos
das praças dizendo
suas notícias e;
esperando: de tanto
morrer tornou-se
pontiagudo,
apontado para o
mais profundo de si:
esperando como
quem desespera e
transpira as águas
da própria salmoura
esperando
morrendo aos poucos
esperando coo
que fosse um poço
esperando a luz dos
dias
de espera em
espera foi
encrostando uma
casca de fatídicos
todos os dísticos do
mundo ainda
omitem
que esperando se
morre muitas vezes
mais